progresso tecnológico

Como nosso progresso tecnológico é afetado com medidas como a Pec 241 e abertura de portas estrangeiras a profissionais brasileiros

Era a nossa vez de brilhar, graduamos, mestramos e doutoramos nossa população e os enviamos para fora de nosso país.

Se o governo não está dando conta, então investimos nas pessoas. Investimos inicialmente na educação delas, e em seguida na ocupação. Para progredirmos precisamos formar pesquisadores e depois coloca-­los para pesquisar.

O que temos presenciado é um país que se encontra entre os três países que mais investiram em educação nos últimos 12 anos mas que não gastou esforços para investir nas oportunidades que colocariam em prática todo esse investimento.

Por fim, ameaçamos estabelecer um teto para os gastos públicos, o que significa, na prática, um freio no investimento na educação e a morte precoce da nossa progressão.

De acordo com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) na 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o número de doutores e mestres cresceu 379% e 486%, respectivamente, entre 1996 e 2014, no Brasil.

Financiamos o estudo de nossa população, disponibilizamos bolsas, abrimos portas para estudos no exterior, oferecemos cursos de especializações e incentivamos a educação, o que implica que pela primeira vez temos profissionais locais qualificados para a realização de pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias que nos levaria a competir com países bem desenvolvidos, principalmente no setor tecnológico.

Porém, em 2016, paralisamos o nosso progresso. Possuímos um supercomputador novinho em folha, mas que ficará desligado para economizar na conta de luz.

Para este ano, o orçamento do MCTI (Ministério da Ciência, tecnologia e Inovação) já é 50% menor do que em 2010, sendo considerado o pior orçamento para a ciência dos últimos sete anos, e a proposta do governo segundo a Pec (Proposta de emenda à constituição) 241 é congelar este orçamento durante 20 anos.

O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, disse: “Se isso for aprovado, pode esquecer; acabou ciência e tecnologia no Brasil”.

Coincidência ou não, países que buscam mais desenvolvimento no setor tecnológico estão abrindo os braços para os brasileiros. O Departamento de Imigração Australiano embutiu em sua lista de profissões em demanda (Skilled Occupation List) para 2016 e 2017 cerca de oito ocupações tecnológicas, entre elas vagas para analistas e gerentes no setor de TI.

De acordo com o site CIO Austrália, a estimativa dos australianos é que em 2017 haja um salto de até 20% na contratação de brasileiros para o setor tecnológico, com o intuito de automatizar seus sistemas de integração, além de investirem cada vez mais em tecnologia de nuvem e modelos híbridos para grandes empreendimentos.

Outro país que não perdeu a oportunidade foi o Canadá, que no momento tem como missão o Recrutamento Virtual na América latina, com foco de recrutar e dar visto permanente a profissionais do setor tecnológico em especial nos países: Brasil, Colômbia e México.

Nos Estados Unidos, mesmo com a chegada de Trump e sua coleção de discursos polêmicos sobre imigração, os estrangeiros menos afetados serão os profissionais altamente capacitados em áreas como tecnologia e pesquisa laboratorial. Segundo João Marques Fonseca, presidente da consultoria em mobilidade global EMDOC, profissionais do setor tecnológico não serão tão afetados pois são chamados de “cérebros” — que interessam (e muito) à economia dos Estados Unidos.

“Sob o comando de Trump, essas pessoas continuarão sendo aceitas normalmente por terem um perfil estratégico para os negócios do país”, diz o presidente da EMDOC.

O grande problema que a paralisação do nosso progresso gerará não será deixar nossos profissionais saírem do Brasil, e sim, como trazê-los de volta.

A visão que temos é que o mundo enxergou a capacidade do brasileiro, mas o Brasil ainda não. Antes de tudo, é necessário que o nosso governo entenda que para o progresso da nação, a qualificação apenas não é a solução. É necessário dar oportunidades, abrir as portas, oferecer os serviços para que nossa gama de profissionais qualificados possa atuar dentro de casa. Quando isso acontecer, estaremos a um passo de termos uma nova reputação quando o assunto é tecnologia, desenvolvimento e inovação.